Hoje para a coluna Como mudou vamos falar de cinema, e nossa abordagem usual complicará um pouco nossas vidas.
Na verdade, é nosso hábito começar pela definição da área que vamos tratar. Porque? Porque a definição geralmente nos ajuda a esclarecer do que estamos falando. Mas para o cinema é preciso fazer um raciocínio mais complexo, e escolher um dos três significados possíveis do termo.
O que é cinema: o cinema
O que é, então, o cinema? Nós vamos, com a palavra cinema podemos significar três coisas. O primeiro é curto para cinematógrafo, que é o local onde os filmes são exibidos publicamente. E este aspecto também merece uma discussão à parte. Basta pensar quanto tempo passou desde os primeiros filmes mudos, com acompanhamento de um piano, até o uso contemporâneo, onde as cópias digitais dos filmes suplantaram as lendárias pizzas. Isso sem falar nas formas cada vez maiores de uso doméstico.
Para que conste, é preciso dizer que vários cinemas de arte periodicamente repropõem alguns clássicos dos primórdios da história do cinema aprimorados pela música ao vivo.
O que é cinema: a história da cinematografia
Segunda definição: o cinema entendido como a história dos produtos da sétima arte (a propósito, todos vocês sabem quais são os outros seis?). Nesse caso, descobrir como o cinema mudou significaria enfrentar a análise dos filmes ao longo do tempo. A tarefa é difícil, e nos referimos à densa literatura sobre o assunto, incluindo os muitos volumes de referência com os arquivos de todos (sim, todos) filmes já realizados. Confessamos que nosso coração bate pelo mais institucional desses admiráveis manuais prontos para uso, Il Mereghetti.
Pontualmente, então, jogamos para traçar os rankings do melhor filme de todos os tempos e do melhor diretor. Quais são os seus? Votamos no Quarto Poder de Orson Welles e em Stanley Kubrick.
O que é cinema: a técnica cinematográfica
Chegamos finalmente ao terceiro significado da palavra cinema, isto é, à técnica cinematográfica. É sobre isso que faremos uma breve pausa para descobrir como o cinema mudou.
Quem inventou o cinema?
A primeira pergunta é imediatamente espinhosa: antes de descobrir como o cinema mudou, é preciso decidir quem o inventou.
Uma premissa: vamos deixar de fora (e poderíamos falar sobre isso por muito tempo) o chamado pré-cinema, ou seja, todas aquelas tentativas de projetar imagens em movimento que antecedem 20 de maio de 1891. Vamos, por assim dizer, das antigas sombras chinesas à lanterna mágica.
Mas voltemos ao inventor do cinema. Fixado convencionalmente com os irmãos Lumière, precisamente porque a eles é, sem dúvida, atribuída a primeira exibição num cinema em frente ao público.
Thomas Edison e o cinetoscópio
No entanto, os próprios Lumières nunca reivindicaram essa supremacia. Talvez porque saibam que inventor Thomas Edison tinha filmado cerca de 1891 filmes com o cinetoscópio entre 1895 e 70.
Patenteado em 24 de agosto de 1891, o cinetoscópio era um estojo grande com uma ocular na parte superior. O espectador olhou pela ocular e, movendo uma manivela, olhou para o filme montado em carretéis.
Mas o primeiro filme até antecedeu a patente do instrumento. É sobre Saudação de Dickons, mostrada em 20 de maio de 1891. O filme é assim chamado porque mostra William Kennedy Laurie Dickson cumprimentando o espectador por alguns momentos. Dickson, assessor de Edison, não é outro senão o inventor da câmera de cinema. E desde aquele dia podemos dizer que estamos na companhia da sétima arte.
Os Lumière, observadores atentos do cinetoscópio, adotarão um sistema diferente de perfuração dos filmes, para não correrem o risco de serem processados por Edison por plágio. E sua estreia pública, no já mencionado 28 de dezembro de 1895, aconteceu diante de 33 pessoas. Na realidade, é oestreia pública do cinema.
Depois de 1900: cinema narrativo
Até 1900, todos os filmes eram projeções de uma única sequência com duração de alguns segundos.
Uma das principais evoluções do cinema é da Brighton School: cineastas britânicos inventam corte e edição. E o primeiro filme produzido com essa técnica, as lentes da vovó, data de 1900 e consiste em dois planos sequenciais. O filme dura um minuto e vinte segundos.
Como o cinema mudou com o nascimento desse dispositivo técnico? Radicalmente: a partir daí começa o cinema narrativo. Em 1902, Georges Méliès filmou Voyage dans la lune, o que era impossível por 13 minutos naquele momento.
Nos anos subsequentes os espectadores descobrem os primeiros grandes diretores (Nascimento de uma nação pelo americano Griffith é de 1915) e os primeiros blockbusters (além disso italiano: Quo vadis? é de 1913 e Cabiria de 1914).
Uma das primeiras grandes obras-primas, ainda muito modernas hoje, é The Brat, de Charlie Chaplin, de 1921.
O som
Na década de XNUMX, começaram os primeiros experimentos com filmes sonoros. A cantora de jazz, de 1927, ainda é um filme mudo, mas com inserções sonoras. Enquanto no ano seguinte foi a vez do primeiro filme totalmente sonoro, Lights of New York.
Cor
Outro elemento essencial para medir como o cinema mudou é a cor.
Os procedimentos para colorir os filmes são muito diferentes e se sucedem e se justapõem há décadas. Já em 1894 alguns microfilmes eram coloridos à mão. Mas em poucas palavras podemos dizer que a primeira exibição pública de um (três) filme colorido ocorreu em Paris em 1908.
Dicionário de filmes 2021- Mereghetti, Paolo (Autor)
Para o presente (e além)
Dar conta de como o cinema mudou desde a década de XNUMX até hoje é uma tarefa impossível pela vastidão de melhorias não apenas técnicas, mas, por assim dizer, também narrativas.
O cinema tornou-se uma indústria, estrelas de atores, mas ao mesmo tempo nunca faltaram filmes de pesquisa e vanguardas (pense no neorrealismo italiano e na Nouvelle Vague francesa). Ou diretores capazes de dar voz ao mal-estar social, como Ken Loach.
Para concluir: Como toda arte, o cinema também avança entre os amantes da inovação técnica e tradicionalistas, produtos de nicho e para o grande público, gênios rebeldes e personalidades mais subservientes a soluções consoladoras.
Depois, claro, houve a entrada do digital, tanto na produção quanto na projeção e distribuição. A visão dos filmes é cada vez mais realista e os efeitos especiais cada vez mais surpreendentes.
E logo em seguida, parece que o deepfake será usado para eliminar problemas de dublagem.
Mas nós cinéfilos não nos arrependemos: nenhum diabólico técnico jamais poderá extinguir a magia da sétima arte. Enquanto isso, você descobriu quais são os outros seis?